domingo, 30 de outubro de 2011

eu, do lado de fora.


                Desde que criei o blog, venho pensando muito no que escrever, mas as coisas geralmente saem quando eu estou inspirada, acho que é assim com todo mundo. Hahahaha’ Esta semana algumas coisas aconteceram, mas agora está tudo tranquilo. Meu Nèni estava com uma infecção feia na garganta e na terça-feira fui visita-lo e agora ele está perfeito e frequentando o grupo como antes.
                Como de costume, aos finais de semana vou ao N.A com ele e neste não foi diferente. No começo, creio que é sempre assim. Até você conseguir se unir as pessoas leva um tempo. Comigo pelo menos, sempre foi assim: na escola, trabalho, roda de amigos de amigos. Nunca cheguei chegando. Sou uma pessoa que tem um certo tipo de cautela quando o assunto é relacionamento, saber em quem confiar. E ai vem o lado negativo: o medo do julgamento. Eu realmente gosto dos amigos que ele vem fazendo no grupo e dou total apoio para que ele continue com estas amizades, mas me sinto do lado de fora delas. Como se eu ali, não fizesse diferença alguma para ele. É engraçado você gostar de ir em um lugar onde você se sente de fora, principalmente em relação ao seu próprio namorado, né? E sentindo tudo isso, fico muito tímida em falar com eles.
                Semana passada, meu Nèni me perguntou se eu ficaria muito chateada se ele me pedisse para não ir mais ao grupo com ele. Isso me fez sentir um lixo. E é como eu estou me sentindo agora.  Esse final de semana fui, mas acho que não voltarei mais. Não pelas pessoas, e sim, pelo que foi me dito. É algo que doeu bastante, sabe? Também estou sentindo ele um pouco distante de mim, talvez seja impressão minha, mas eu tive muita vontade de ir embora pra minha casa e deixar ele um pouco sozinho e ficar um pouco sozinha também, apesar de nos vermos pouco.
                Eu sei que a recuperação está em primeiro lugar, mas no fundo sinto uma falta particular do MEU NAMORADO e eu entendo que ele não pode abraçar o mundo e ser tudo ao mesmo tempo, mas AH! Como eu queria que a recuperação fosse instantânea, viu? \:
                E vocês, meninas? Já tiveram alguma dificuldade com os novos amigos do seu namorado? Já sofreram bastante com a mudança de humor/decisão do seu adicto? Já se sentiram cobradas por ele?

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

day one - addiction

               Eu namoro um adicto. Dois anos, três meses e doze dias. Foi a minha escolha. Vontade de ouvir todos em minha volta e desistir eu tive muitas vezes, mas não o fiz ; não por compaixão, não por pena; foi a minha escolha por amor. E por esse amor, passei por muitas barreiras, foram muitos desafios para que eu sentisse a certeza absoluta do que eu realmente queria. E então, eu estou aprendendo a aceitar, conviver e lidar com tudo isso.
                Por respeito a ele e principalmente a mim, não mantenho mais os hábitos antigos. Também não julgo meus amigos queridos que ainda os mantém. A escolha de parar com o álcool foi minha, quem for meu amigo vai gostar de mim assim: careta.
                Confesso, está difícil lidar os comportamentos do meu adicto. Chego a pensar que, as vezes, é ele quem não quer escolher a mim. Falta um diálogo essencial, um sentimento maior nas nossas conversas, coisas que ele só consegue falar com quem tem o mesmo problema. Chega a ser paranoia minha? Não sei. Só sei que continuo voltando ao grupo N.A com ele em reuniões abertas. Tento mudar hábitos que também fazem diferença pra mim e refletem positivamente na recuperação e no nosso relacionamento; não por obrigação, como eu disse. Simplesmente por amor.
                Meus desabafos serão feitos aqui, numa folha de papel virtual. Escolhi essa forma porque os caminhos que eu tenho ainda não me deixam satisfeita, vou falar a verdade:
                - Descobri que não dá pra desabafar com parentes e amigos. Apesar deles saberem da doença do meu Nèni, eles nunca saberão como é lidar com ela e o que eu sinto. Quem sabe um dia eles entendam meu lado, mas por agora, é como dar tiro no escuro. Eu sei que vou falar, falar, falar e a resposta será a mesma. SEMPRE.
                - Descobri que as reuniões de NARANON voltadas exclusivamente para parentes de narcóticos me deprimem mais ainda: lá tem muito choro, lamentação, falta de esperança. Sei que este pensamento de não querer compartilhar com outras pessoas que tem o mesmo problema que eu é ‘errado’, mas eu não encontrei um grupo no qual eu me sentisse bem, AINDA.  Hoje, eu prefiro colocar os adictos e as famílias que sofrem nas minhas orações e pedir para DEUS agir de modo sábio, porque Ele sabe o que faz.  
                Meu objetivo aqui não é expor. É somente escrever e tentar ficar serena. Sei que os erros serão inevitáveis, mas para fazer o certo não há segredo, há um programa. Essa é a nova vida do meu adicto e eu quero viver ela também, sem ser injusta comigo mesma. A questão é: até quando existirá ‘só por hoje’ para nós dois? Peço a Deus que faça o certo e, então, eu não temerei a ninguém. E só por hoje, eu o amo com todas as forças desse mundo!