segunda-feira, 24 de outubro de 2011

day one - addiction

               Eu namoro um adicto. Dois anos, três meses e doze dias. Foi a minha escolha. Vontade de ouvir todos em minha volta e desistir eu tive muitas vezes, mas não o fiz ; não por compaixão, não por pena; foi a minha escolha por amor. E por esse amor, passei por muitas barreiras, foram muitos desafios para que eu sentisse a certeza absoluta do que eu realmente queria. E então, eu estou aprendendo a aceitar, conviver e lidar com tudo isso.
                Por respeito a ele e principalmente a mim, não mantenho mais os hábitos antigos. Também não julgo meus amigos queridos que ainda os mantém. A escolha de parar com o álcool foi minha, quem for meu amigo vai gostar de mim assim: careta.
                Confesso, está difícil lidar os comportamentos do meu adicto. Chego a pensar que, as vezes, é ele quem não quer escolher a mim. Falta um diálogo essencial, um sentimento maior nas nossas conversas, coisas que ele só consegue falar com quem tem o mesmo problema. Chega a ser paranoia minha? Não sei. Só sei que continuo voltando ao grupo N.A com ele em reuniões abertas. Tento mudar hábitos que também fazem diferença pra mim e refletem positivamente na recuperação e no nosso relacionamento; não por obrigação, como eu disse. Simplesmente por amor.
                Meus desabafos serão feitos aqui, numa folha de papel virtual. Escolhi essa forma porque os caminhos que eu tenho ainda não me deixam satisfeita, vou falar a verdade:
                - Descobri que não dá pra desabafar com parentes e amigos. Apesar deles saberem da doença do meu Nèni, eles nunca saberão como é lidar com ela e o que eu sinto. Quem sabe um dia eles entendam meu lado, mas por agora, é como dar tiro no escuro. Eu sei que vou falar, falar, falar e a resposta será a mesma. SEMPRE.
                - Descobri que as reuniões de NARANON voltadas exclusivamente para parentes de narcóticos me deprimem mais ainda: lá tem muito choro, lamentação, falta de esperança. Sei que este pensamento de não querer compartilhar com outras pessoas que tem o mesmo problema que eu é ‘errado’, mas eu não encontrei um grupo no qual eu me sentisse bem, AINDA.  Hoje, eu prefiro colocar os adictos e as famílias que sofrem nas minhas orações e pedir para DEUS agir de modo sábio, porque Ele sabe o que faz.  
                Meu objetivo aqui não é expor. É somente escrever e tentar ficar serena. Sei que os erros serão inevitáveis, mas para fazer o certo não há segredo, há um programa. Essa é a nova vida do meu adicto e eu quero viver ela também, sem ser injusta comigo mesma. A questão é: até quando existirá ‘só por hoje’ para nós dois? Peço a Deus que faça o certo e, então, eu não temerei a ninguém. E só por hoje, eu o amo com todas as forças desse mundo!


2 comentários:

  1. Oi Gi....Tamo junto!!!
    Viva esse amor, até onde seus limites aguentarem... Umas tem limites bem grandes, outras nem tanto. Acho que fico no segundo grupo(rs). Mas nunca se esqueça de você, a vida passa tão rápido, para esquecermos de nós mesmas, temos que ser felizes acima de tudo!
    Beijossss

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  2. Gi. Precisando to aki ! Eu encontrei outras coisas no nar-anon, se quiser tá tudo lá no meu "diário" de recuperação, tb concordo q em algumas reunioes é um chororo só!rs mas ó as vezes ir em outra sala ajuda, foi onde moro tem umas 4 salas de naranon mas gosto mais de ir em duas, no entanto qdo preciso vou na q tem no dia! Mas tem tb outras irmandades, profissionais, amor exigente, enfim acho q ele tá só querendo partilhar alguns barulhos particulares.
    Parabéns pela iniciativa e obrigadA por dividir conosco!
    Bons momentos

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qual é o seu barulho? chega ai!